Vou ser downvoteado pra caralho, mas vamos lá ...
"Governista" é uma proposição binária reducionista. Ela já nasce enviesada. Ter algum tipo de parecer pró-governo em algum aspecto ou programa, não significa que apoia os aspectos obviamente errados associados com a corrupção. Corrupção é uma coisa errada por si só e é algo supra-partidário.
Dito isso.
1 - Eu nasci em uma região muito pobre de Minas chamada Resplendor. Vi de perto enquanto crescia (mesmo tendo mudado e não ser pobre ... última vez que vi, minha renda estava beeeeeem acima da média da população brasileira) os impactos da pobreza e da desigualdade. Enquanto crescia, vi em primeira mão o que acontece quando as pessoas não tem acesso a educação de qualidade, não tem perspectivas de emprego e como uma cidade inteira pode aos poucos ir definhando. Por mais que você saia da cidade e se afaste dos efeitos nocivos dessa desigualdade, eles te marcam. Tem muita gente honesta, trabalhadora, inteligente que simplesmente vai ter suas vidas esmagadas por falta de oportunidade. Não são pessoas melhores ou piores do que eu. Eu poderia estar no mesmíssimo lugar que elas se meus pais não tivessem encarado uma dura mudança para uma cidade grande, a alienação dos grandes centros urbanos longe de sua familia e amigos e a perda praticamente total de raízes. Não é fácil tentar prover o melhor pra seus filhos.
Na minha opinião pessoal, desigualdade é um problema muito sério tanto em grotões de pobreza como nas grandes cidades.Por mais que muitas pessoas aqui fiquem indignadas com programas como o bolsa família, eu apoio esse tipo de iniciativa e qualquer uma que ajude a combater desigualdade. Eu já vi minha cota de crianças catarrentas comendo lavagem de perto. Não é algo bonito de se ver. Sempre haverá espaço para discutir efetividade e formas de melhorar esse tipo de programa. É preciso rodar o PDCA, mas eu acredito que inação não é uma escolha viável.
É difícil de se entender quando é uma criança o conceito de pobreza. Você fala com um coleguinha que seu pai comprou um VHS querendo tirar onda e leva porrada de um muleque que o pai está desempregado e é pinguço. Pode parecer besteira, mas esse tipo de coisa te marca.
Outro ponto foi ter crescido em uma família em que ambos os meus pais eram bancários. Eu entendo e sou extremamente grato pelos avanços que o FHC conseguiu conquistar na década de 90, mas eu lembro dos anos sem reajuste e como isso impactou minha família. Eu tenho uma resposta emocionalmente enviesada em relação ao PSDB por causa disso.
Com relação a última eleição em específico, eu me senti um pouco incomodado com a figura do Aécio. Achei ele debochado e pouco propositivo. Após eleição, achei que o partido faltou com coerência em votar contra medidas que ele próprio instaurou, como o fator previdenciário, e, sabendo do desequilíbrio das contas, partiu pra uma estratégia do "quanto pior, melhor". Por mais que estejam certo em acusar o governo de "estelionato eleitoral", as medidas de ajuste fiscal que o governo está tentando instaurar são as mesmas ou muito próximas do que ele mesmo faria. Nesse aspecto, eu acho que ele cometeu "estelionato ideológico". Não acho que o Aécio seja necessariamente pior, mas dado as informações que eu tinha na época da eleição, preferi apoiar a Dilma. Eu não sabia o quão pouco apoio político ela tinha e como isso engessou o congresso e as medidas que precisavam ser tomadas. Boto um pouco da culpa do agravamento do nosso cenário atual na conta do nosso ilustríssimo picareta-mor, Eduardo Cunha.
Gostaria de ver surgindo partidos que quebrem essa polarização e levantem bandeiras sociais de forma moderada e coerente. Gostaria de ver alternativas viáveis se formando e se consolidando. Algo que suplante esse jogo pendular de PT de um lado, PSDB do outro e PMDB no meio.
Com relação aos esquemas de corrupção, acho tudo isso lastimável. Defendo que investiguem exemplarmente e sem interferências esses casos e que as coisas sejam tomadas às suas últimas consequências dentro do que dita a lei. Acho difícil o Lula não ter algum tipo de anuência ou conhecimento do que acontecia. Não sei o quanto ele usou para ganho pessoal ou quanto foi para viabilizar o projeto de poder do PT. A cada momento que passa, fica mais difícil que seus aliados o blindem. O mito que existe em volta da figura do ex-presidente vai cair.
Com relação à Dilma, ela é muito cabeça dura. Era uma tecnocrata de segundo escalão que ganhou projeção porque o Dirceu e o Palocci caíram. A Dilma não tem cacife político para ser presidente sem o apoio do Lula e ela mesmo assim frequentemente se desentende com ele. Ela possui uma falta completa e total de carisma, não é lá das mais inteligentes, mas a mulher é dura, nível aguentar tortura dura. Parece-me que o envolvimento dela nos esquemas é menor do que do Lula. Eu não tenho parâmetros para averiguar isso ou desculpas para dar que justifiquem algo que seja obviamente errado que ela venha a ter cometido. Desejo que as investigações continuem no ritmo que estão acontecendo e sem obstruções ou uso político. Que a lei prevaleça e as nossas instituições se fortaleçam.
Ainda com relação aos escândalos, acho importante frisar a forma perniciosa em que o poder público e o interesse privado se misturaram. Entretanto, nossas críticas voltam-se excessivamente para o componente político do problema. De 2 em 2 anos temos a oportunidade de oxigenar nossos quadros políticos, mas os agentes que em conluio corrompem continuam agindo de forma organizada e consistente entra ano e sai ano. Entretanto, não temos panelaços para as maiores empresas desse país e a forma que distorcem o processo político.
2 - É importante definir o conceito de Governo. Estamos falando de quem? Da Dilma? Da Dilma e do Temer? Do PT como um todo?
A Dilma não tem apoio. O PT vai ser abatido nas próximas eleições. Eu gostaria de ver quem vai levantar de forma consistente, consciente e moderada a bandeira da desigualdade como um sério problema de nossa sociedade.
Eu reitero. Apoiar políticas e programas de um governo não significa aceitar o que obviamente está errado como os casos de corrupção.
3 - Não. Sequer votei porque não transferi o meu título para o Rio ainda.
4 - Eu me beneficiei da política cambial enquanto mantinha o real mais valorizado do que deveria. Consegui viajar pro exterior algumas vezes graças à isso.
5 - 32 anos