Bolsonaro é risco maior que Haddad, diz S&P

A agência de classificação de risco S&P Global tem monitorado de perto as eleições no Brasil e enxerga como maior risco para a nota soberana do país a maneira como o novo governo vai lidar com os desafios econômicos.

"O Brasil tem imensos problemas, tanto fiscais quanto sociais. A economia mal está crescendo neste ano e há muito na agenda para a nova liderança. Essa preocupação de quão rápida e efetivamente a nova liderança vai lidar com essas questões" afeta nossa avaliação, afirmou Joydeep Mukherji, diretor-gerente de ratings soberanos para América Latina, em webseminário sobre riscos para a região.

Conforme Mukherji, "os dois candidatos que lideram as pesquisas têm altas taxas de rejeição por razões diferentes e é difícil dizer quem vai vencer, mas o candidato do PT [Fernando Haddad] não é um 'outsider', enquanto [Jair] Bolsonaro [do PSL] é um 'outsider', e isso aumenta o risco de incongruências ou atrasos em fazer as coisas serem feitas após a eleição".

De acordo com Elijah Oliveros-Rosen, economista-chefe para a América Latina da S&P Global, "o crescimento real do PIB perdeu ímpeto na primeira metade do ano em várias economias da região, como Brasil e Argentina". Esse enfraquecimento da tração da atividade veio a reboque de incertezas políticas e fiscais, no caso do Brasil, e da falha em restabelecer a confiança de investidores, para a Argentina.

A S&P espera um recuo de 2% da economia argentina neste ano e um crescimento zero no próximo ano. Segundo Oliveros-Rosen, o país vai sentir o peso da forte elevação de juros, atualmente em 60% ao ano, para conter a inflação e estabilizar a moeda, bem como vai enfrentar um difícil ajuste fiscal em 2019.

No Brasil, a agência revisou para baixo a expansão do PIB neste ano em 0,4 ponto percentual, para 1,4%. Em 2019, a S&P espera um crescimento maior, de 2,2%, na medida que as incertezas políticas diminuam.

"O risco que temos de olhar no Brasil no fim de 2018 e em 2019 está relacionado à transição de governo e às novas políticas adotadas, bem como a qualidade da equipe econômica e das [soluções] fiscais", ressaltou Daniela Brandazza, diretora sênior de ratings internacionais de finanças públicas. "Nosso foco estará na sustentabilidade fiscal" após as eleições.

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