Como se pode ser antirracista e defender quotas étnico raciais ao mesmo tempo?

O problema é que isto em teoria até que é bem intencionado. Uma vez exemplificaram-me a discriminação positiva com a seguinte analogia: se tens um burro com 50kg e outro burro com 70kg e os dois têm de levar a mesma carga, então se calhar podes encher o bandulho e aliviar um pouco a carga ao burro de 50kg e dares só a comida estritamente necessária ao de 70kg e depois quando o de 50kg chegar aos 70kg, aí já lhes podes dar a mesma quantidade de comida e fazê-los carregar a mesma carga. Igualdade nesta situação não é encher o bandulho aos dois, é colocar o mais magro a competir de igual para igual com o outro.

Só que o sistema de quotas apanha a situação numa parte muito mais tardia do processo e não o resolve, só tapa o sol com a peneira. Se queremos realmente resolver o problema de as minorias não terem as mesmas oportunidades, não se trata tanto de as dar à força, mas sim de perceber o que é que tem de ser modificado para que elas lá consigam chegar pelo próprio pé. O problema é que isto é um problema cultural e sistémico enraizado nas sociedades e que provavelmente leva décadas a resolver e querem-se resultados imediatos (e com razão). A questão é como chegar a resultados imediatos e para isso não tenho resposta. Mas forçar quotas étnicas e raciais parece-me que, se já fores predisposto a um ponto de vista racista ou xenófobo, pode inclusivamente ter o efeito oposto.

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