Eu ia escrever um texto sobre esse problema, focando mais na crise econômica, que é a minha maior preocupação. Senti como se você tivesse feito isso enquanto dormia.

Eu ia te dar gold pela análise, mas vi que também já tinham chegado primeiro do que eu.

Então vou só deixar aqui meus dois centavos: eu encaro esse período de polarização exacerbada, também chamado de "futebolização da política", ou Guerra Fria das Redes Sociais, como um esforço necessário para o amadurecimento da consciência política brasileira.

Tento ser otimista, porque do contrário fica difícil aturar estoicamente esse tipo de histeria. Quero acreditar que essas sejam as dores do parto de um consenso, seja ele qual for, porque nós precisamos urgentemente de um Projeto de País.

Acredito que precisemos deixar pra trás, em definitivo, uma série de questões mal resolvidas, que passam pela tranquilidade que deveria haver nas situações de alternância de poder, como está ocorrendo agora e já ocorreu antes em 2002, por exemplo, além da própria escolha pelo modelo de desenvolvimento que pretendemos adotar.

Uma coisa é certa: enquanto isso não se resolve, a situação só piora. A economia segue, quando muito, patinando lateralmente no mercantilismo arcaico que você bem citou. Já na política, a ameaça de ruptura institucional começa a ganhar contornos perigosos, que podem comprometer o nosso desenvolvimento até mesmo no longo prazo.

Já perdemos o curto prazo. Neste momento, em meio a essa divisão absurda entre comunistas e militaristas, estamos jogando fora a possibilidade de resolver nossas desavenças no médio prazo. Precisamos agora trabalhar para que não percamos também o futuro da próxima geração. E, nesse ponto, eu não sou tão otimista assim, infelizmente.