Sobre a conversa de ontem: minha opinião é que manter a quarentena é mais uma questão de favorecer o interesse público, de civilidade e visão de longo prazo (planejamento) e claro, empatia. E menos de interesses privados/ particulares. Quem me conhece sabe eu odeio ficar muito tempo em casa. Não suporto ficar parado, gosto de ser produtivo também. Mas é preciso perceber que isso não é uma questão particular minha, nem de escolher entre economia ou saúde. Essa é uma dicotomia falsa. Sem saúde os trabalhadores não podem movimentar a economia. Essas duas coisas se retroalimentam. O empresariado brasileiro e a alta cúpula política estão ativamente escolhendo arriscar a saúde da população para tentar sair da crise econômica sem perder todos os privilégios. E eles estão fazendo pressão para que o governo favoreça seus interesses. E estão conseguindo.

É nessas horas que o Estado tem que intervir, e não ser negligente, nem favorecer interesses particulares. Utilizar-se dos estudos de base científica para orientar suas políticas. Nosso sistema de saúde gasta muito mais dinheiro, recursos e energia remediando do que prevenindo a situação, e a quarentena é uma forma de prevenção. O governo brasileiro precisa analisar o que outros países mais bem sucedidos fizeram. A Coreia do Sul estava preparada para isso desde o ano passado. Eles desenvolveram uma rede de diagnóstico e redução da taxa de letalidade. Estamos longe de ser uma Coreia do Sul, mas é um bom ponto de referência para nos situarmos.