A pessoa precisa ser vista como um todo, e não só em seus aspectos psicológicos, quando um medicamento for ser prescrito.
Se o prestador prescreve um antidepressivo que causa aumento de pressão arterial, como Venlafaxina, ou um estabilizador de humor que causa hipotireodismo, como Lítio, quem é responsável? O psicólogo,a princípio, não aprende a aferir pressão arterial no curso. Provavelmente também não sabe endocrinologia suficiente para identificar o problema tireodiano...
Como a formação médica exige conhecimento de todas as áreas, a despeito da especialidade, não há como o médico se omitir deste tipo de análise.
Similarmente, o farmacêutico não estuda semiologia, não faz exame físico, não solicita exames laboratoriais, tem um conhecimento mais direcionado da fisiologia, etc...
Veja, eu sei que muitos dos médicos que a maior parte das pessoas veem se omitem de parte das funções da profissão... É automático pensar que a profissão não tem um papel importante no tratamento quando a única coisa que vemos a pessoa fazer é carimbar um papel...
Mas o fato de existirem médicos e serviços médicos ruins, que não cumprem adequadamente sua função, não é motivo para ignorar a importância do atendimento médico.
Além disso, supor que os tratamentos psicológicos precisam de prescrição de medicamento para funcionar acaba sendo uma forma de desvalorizar a própria psicologia, que tem muitas outras ferramentas, e definitivamente não depende disso para trabalhar.
É uma visão medicalizante da saúde mental, que é bastante incongruente com o que tem sido propagado no Brasil ultimamente.