Prova absoluta é coisa de ateu de quintal.

No mundo real existem probabilidades, medidas em valores-p, com ressalvas, com piores e melhores cenários.

Explicar tudo isso já é difícil pra quem aprendeu as ferramentas necessárias. Para o povo que consome apenas mídia em massa como fonte de informação, é impossível.

A imprensa tenta obter a informação de especialistas e enlatar a interpretação. Primeiro em colunas, portais e programas destinados para a população que tem maiores chances de entender o que o especialista disse. Dependendo do resultado, enlatam novamente em uma mensagem mais simples para outro público, e medem mais uma vez pra ver se as pessoas entenderam. Esse é o melhor dos casos, o que ela deveria fazer pra que o povo seja capaz de digerir e compreender informações complexas.

Narrativas nem sempre são pra manipular (mas as vezes são mesmo), às vezes é pra pra termos a capacidade de digerir conteúdo para o qual não tivemos educação para compreender em termos simples.

O impacto dessas tentativas de explicar, no caso da pandemia, altera as próprias circunstâncias do problema. Se você enfiar o conteúdo de um artigo científico no Jornal Nacional, meia dúzia vai entender, um monte vai ignorar e outro monte vai xingar e falar que aquilo é lorota.

É só ver o que aconteceu com divulgadores científicos independentes que tentaram explicar. Tentaram usar os fatos pra explicar, acabaram dispersando diferentes públicos em reações diversas.

Enfim: Existem estudos e dados sobre efetividade do lockdown. Esses estudos resultam em probabilidades em cima de variáveis, não existe resposta absoluta. A maioria das pessoas não tem educação necessária pra compreender o que esses estudos dizem. A imprensa deveria estar digerindo e mastigando essas interpretações para nós, contudo, ao fazê-lo, ela corre o risco de alterar o nosso comportamento e por consequência, a evolução da epidemia também.