(STORY TIME) O S.N.S está muito bonito...

O sistema responde pelas ações do médico. Mas eu dou-te este exemplo. Em finais de julho, o meu pai começou a ter dores na zona do cóccix mas como tem duas hérnias discais quase no mesmo sítio deixou andar um bocadinho até que as dores se tornaram mais complicadas. Foi a uma urgência, fizeram raio x, e análises, deram merdas para as dores e mandaram para casa com uma suposta burcite na zona da virilha/isquiotibial. Passado uns dias, após a medicação dizer adeus as dores voltaram e lá foi ele a mais uma urgência. Desta vez nem exames nem análises. Deram lhe medicação para as dores e bota para casa, que urgências é só para velhinhos. Mesma coisa se repete e ele desiste do público e vai a um ortopedista amigo do chefe que lhe arranja um tempinho e lhe dá uma segunda opinião, isto porque toda a gente pensava que era problema muscular. O médico diz lhe que se fosse o que diziam ser, as dores já deviam ter amenizado porque o meu pai já estava de férias há quase 1 mês onde basicamente não saiu da cama. Sugere fazer as análises e aí aparece o primeiro problema. Valores super anormais de leucócitos e uns valores anormais que apontavam para próstata. Comparando com as análises da medicina do trabalho feitas 6 meses antes ainda mais estapafúrdia a situação parecia. Mas não passa nada. Vai ao centro de saúde para renovar a droga para as dores e o médico de família não renova e diz para ir a uma urgência. Bota urgência. Foi preciso eu ir com ele até à mesa da triagem e explicar que aquela merda não era muscular nunca na vida e que olhassem para a puta das análises feitas que aquilo era infeção que quase de certeza estava na próstata. O ortopedista que o vê manda o para o outro hospital da cidade porque desconfia de algo e após uma madrugada as claras e uns exames de manhã decidem interna-lo. Passado uns dias de internamento com exame atrás de exame incluindo uma biópsia a medula la descobrem aquilo que depois da puta das análises e de umas tacs feitas na mesma altura parecia óbvio, era de facto uma infeção que se alojou na próstata e chegou ao osso. Moral da história. O meu pai ficou dr house, mas com metade da sabedoria e da beleza. Problema resolvido? Nada disso. Na penúltima semana do internamento, o meu pai perde a consciência, e cai de cabeça no chão. Acordado pela enfermeira, segue de novo para o hospital para fazer tac a cabeça e ta tudo top. Cabeça rija do homem. Internamento acaba, o meu pai estilo dr house e de volta à casa a antibióticos, de baixa. Um dia que por acaso a minha mãe tinha tirado férias, chega a casa as 10 da manhã depois de ir levar a minha irmã a escola e encontra o meu pai no chão do quarto, desmaiado e todo na merda. Ambulância vem, e a minha mãe chegando ao hospital reconhece o médico que numa das urgências tinha negligenciado o caso e decide pedir explicações ao que o médico não gosta de ouvir e responde mal (não vale a pena dizer o que). A minha mãe manda a dica de processar o gajo, o gajo encona, o meu pai é operado à cabeça e fica tudo bem, tirando o facto de ter de andar de moleta. Moral da história. Uma merda que começou em finais de julho, arrastou se até finais de outubro sem necessidade nenhuma. 4 urgências, 3 idas ao centro de saúde, 3 pedidos de análises, 2 tacs a coluna e à próstata, 2 tacs a cabeça, 1 biópsia de medula, 1 operação ao crânio, 1 ida ao privado, demasiados dias de baixa do meu pai e dias de férias da minha mãe, ou seja menos remuneração a entrar, num agregado que já mal consegue poupar, e com a minha mãe a ter que ir levar a minha irmã de autocarro porque não conduz numa viagem que demora 45 minutos fora de hora de ponta. Isto tudo por causa da constante negligência que acontece todos os dias nas urgências. Não foi 1 médico. Foram quase dezenas de médicos e só 2 o souberam mais ou menos guiar para aquele que era o caminho certo. Queria ver como era se a minha mãe não tivesse tirado férias naquela manhã. Ela chegar a casa ao fim do dia e ver o homem morto no chão. Queria ver a bela brincadeira que ia ser. Felizmente a sorte bateu à porta porque senão quantos pseudo profissionais não iriam de vela.

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