Então te ensinaram errado. O BRICS só foi “insignificante” quando não existia de fato, entre 2006 e 2009, quando era só um termo inventado e os países passaram a se reunir periodicamente pra trocar ideia nas conferências sobre desenvolvimento. Mas teve relevância gigantesca desde quando foi criado efetivamente em 2009, como BRIC ainda. Foi por causa do BRIC agindo em conjunto que houve a reforma do sistema financeiro global em 2008/2009, por exemplo, com a reforma do FMI e do BIS (o banco central dos bancos centrais), mudando as cotas dos países e as regras para transações financeiras. Foi quando o G20 passou a mandar na porra toda também, ao invés do G7 (logo antes transformado em G8 por causa da Rússia também). Em 2014, já com a adição da África do Sul, o BRICS criou simplesmente um dos maiores bancos de desenvolvimento do mundo, o NBD (Novo Banco de Desenvolvimento), e um fundo financeiro compartilhado para casos de emergências financeiras, o ACR (Arranjo Contingente de Reservas) — os dois criados durante uma das conferências do BRICS no Brasil, na Costa do Sauípe. O NBD financia diversos projetos de desenvolvimento sustentável e infraestrutura no Brasil. Também emprestou uma grana forte pro combate ao Covid-19.

O BRICS só perdeu relevância durante o governo Bolsonaro, que queria se afastar da China. Mas com toda a estrutura institucional do BRICS já criada, não tem como mais simplesmente “sair” do BRICS, os ganhos pelo NBD e pelo ACR são simplesmente grandes demais pra ignorar.