Putz, já tive vários embates com meus familiares por causa de casos assim.

Um cara costumava tacar fogo nos entulhos de um terreno baldio da rua de baixo, o que fazia fumaça pra caramba. Quando liguei para a polícia para denunciá-lo por crime ambiental, meu pai veio dizer que era melhor "deixar pra lá" porque "vai que sobra pra gente". Detalhe: moro em um prédio, então a menos que eu pendurasse uma faixa na varanda escrito "FUI EM QUEM CHAMOU A POLÍCIA", não haveria como o camarada saber ao certo quem o havia denunciado.

Teve uma vez em que meu pai estacionou numa vaga proibida. Bastou eu apontar a placa de "não estacionar" para ele me dar razão, tirar o carro e estacionar uma vaga permitida mais à frente. Uma semana depois, fomos de carro até o mesmo local e, DE NOVO, ele estacionou na mesma vaga proibida. Só que desta vez ele olhou pra mim e disse: "Tudo bem eu estacionar aqui, therumpus? Você me dá sua permissão?". Foi aí que eu desisti de chamar a atenção do meu pai para essas coisas.

Uma noite, minha família e eu estávamos saindo da casa de um parente quando flagramos um cara em cima de uma escada aparentemente roubando fios de um poste. (Digo "aparentemente" porque não fui lá perguntar, mas dado que era quase meia-noite, o carro dele não era da Eletropaulo, e ocorrem muito roubos de fios no bairro...) No caminho para casa, sugeri que ligássemos para a polícia.

Mãe: "Mas você não sabe se ele é ladrão."

Eu: "Por isso mesmo. Seria bom que a polícia averiguasse essa situação suspeita."

Mãe [nervosa]: "Mas você não tem o direito de INCOMODAR a polícia com suas suspeitas!"

Puta merda.

Uns meses depois, minha mãe e eu estávamos saindo da casa desse mesmo parente quando passamos por uma briga de vizinhos. Uma família de supostos invasores estava brigando entre si no meio da rua. Quando um dos moleques ameaçou encher o outro de tiro, minha mãe gritou: "Pra que violência, gente! Violência não resolve nada!". Eu tive que me segurar para não encarnar o Matias e sair gritando com meio mundo.