Ó, vou contar a história do meu primeiro amor e a primeira vez que sofri de verdade por isso. Sei que muitas partes da história vão parecer bem bestas, e hoje eu vejo isso, mas na época realmente foi um baita de um sofrimento pra mim e pro meu eu adolescente que nunca tinha sentido uma coisa tão forte assim por ninguém (já aviso que ficou bem longo, mas não sei resumir as coisas ¯_(ツ)_/¯ ).
Bem, quando eu tinha uns 14/15 anos, e eu minhas amigas tinhamos váriaaas contas fake no orkut (aqueles fakes de personagem de anime). A gente fazia interpretação (tipo RPG, acho) e tinhamos nosso grupinho de amigos lá, com quem a gente conversava todo dia, faziamos eventos online (naquelas comunidades estilo Cidade Anime Fake) e etc.
Meu personagem principal era um garoto (e eu na vida real sou mulher, pra referência) de um anime chamado Kuroshitsuji e lá eu conheci um fake de um personagem masculino do mesmo anime, ele interpretava super bem, era engraçado, legal e mais n adjetivos positivos. A gente passou a conversar sempre, se eu ficasse um dia sequer sem conseguir falar com ele eu já ficava desesperada, e mesmo sem nem saber quem era a pessoa por trás da tela, lá estava eu apaixonada.
A coisa é, eu achava que o off (off = pessoa real por trás do fake, on = personagem que você é online) dele era homem, e eu também falava que eu era homem em off, porque como os nossos personagens meio que se envolveram romanticamente nas histórias que a gente escrevia e eram ambos personagens masculinos, eu achei que na vida real ele fosse gay também. Pois bem, acontece que uma noite nós estavamos conversando no MSN e "ele" me diz que na verdade o off dele era mulher, ou seja não era com ele e sim com ela com quem eu estava conversando esse tempo todo. Na época eu fiquei arrasada porque eu me não me via ficando com uma menina, mas os dias se passaram e eu percebi que eu gostava tanto daquela pessoa que o gênero não importava. Sendo homem ou mulher, eu gostava dela e não era isso que faria com que meus sentimentos mudassem.
Continuamos conversando, porém eu ainda não tinha contado a minha parte da verdade, que eu também era uma mulher e não homem, por medo dela ser hétero e não querer mais nada comigo. No fim, depois de uns meses acabei contando e ela levou a coisa da mesma forma que eu e decidimos começar a namorar em "off" (ou seja, na vida real, fora do fake) mesmo morando em cidades diferentes e só tendo nos visto por foto e skype.
Por incrível que pareça, namoramos por dois anos, mesmo só nos vendo nos eventos de anime (que era quando ela vinha para minha cidade) uma ou duas vezes por ano e sendo uma coisa meio platônica (em dois anos só demos um selinho e andamos de mãos dadas).
Terminamos quando eu descobri que ela estava falando com um garoto e que eles estavam quase juntos (ele morava em outra cidade e veio me procurar online para me contar o que estava acontecendo). Fiquei extremamente magoada, e parei de falar com ela por mais de um mês, porém ela acabou terminando tudo com o menino e pediu para que nós voltássemos. Eu, que era louca por ela, aceitei na hora mas durou apenas mais alguns meses, depois acabamos decidindo que aquilo nunca iria dar certo (mesmo que naquele ponto já tivessemos nos visto fora dos eventos e visitado a casa uma da outra).
Apesar do "segundo termino" ter sido amigável, eu era extremamente apaixonada por ela e cortei contato com ela por um ano pra tentar superar. Nesse período fiquei tão mal que comecei e ir em psicologo e estava com um início de quadro depressão, é aquele sofrimento louco do primeiro amor que te deixa sem saber o que fazer, pra mim a dor era tanta que chegava a ser física. Quando retomamos contato, eu ainda não tinha superado e lembro de uma vez em que enquanto eu subia de volta pro metrô quando fui levá-la na rodoviária depois dela ter vindo me visitar, eu pensava que era melhor eu me atirar de lá do alto que que ficar sofrendo assim (sim, eu sei, um belo dramalhão de adolescente, mas na época era assim que eu estava me sentindo).
No final, depois de mais de um ano chorando as pitangas, sofrendo e achando que jamais ia superar, acontece que sim, eu superei, e vi que por mais que você ache que nunca vai superar aquele amor, você supera, o tempo realmente cura tudo.
Hoje, não muitos anos depois, só sinto por ela o carinho de uma amizade mesmo, nos falamos com uma boa frequência e ainda considero ela como uma das minhas melhores amigas, então acho que tudo meio que acabou bem.