Ao contrário do que disseram, o PSDB não representa os interesses das elites tradicionais. Esse papel cabe mais ao Democratas, e em menor escala aos partidos que se afirmam de direita (católicos, por exemplo PSC).
A tradição da social-democracia (e o PSDB é o "Partido da Social Democracia Brasileira") é originária do socialismo, mas acabou migrando da corrente revolucionária para a reformista: ao invés de pregar o socialismo pela via do levante da classe operária, passou a pregar uma série de ajustes no capitalismo de modo que houvesse um Estado corrigindo os mercados e o poderio das elites.
O que aconteceu foi que desde meados da década de 1990, com FHC, até o presente, o PSDB foi se (re)construindo por oposição binária ao PT, e acabou adotando algumas bandeiras fortemente conservadoras. Isso gerou apoio de pessoas conservadoras/das elites, que por sua vez tinham poder de influência sobre os rumos do partido, e ele foi cada vez mais migrando para o conservadorismo. Mas tem nomes no PSDB bastante ligados a uma política de intervenção estatal, o primeiro que me vêm à cabeça é o José Serra, sempre lembrado pelo lance dos genéricos e por outras intervenções econômicas (além de ser lembrado por se deixar ser fotografado segurando um fuzil - very bad for a left-wing!).
Acho que o ódio em si existe justamente por causa dessa apropriação. Eu, por exemplo, fico mais pê da vida com as elites por deturparem a história de um partido como o PSDB, obrigando-o a migrar para o lado conservador, do que pelo que é o partido em si. Acrescente a essa apropriação episódios lamentáveis associados a militantes ou simpatizantes do PSDB, como quando a Dilma venceu a primeira eleição e aquela moça tweetou que foi culpa dos "nordestistos"... Hoje o PT também ganha antipatia por conta de atos parecidos, pessoas que ao mesmo tempo em que se dizem simpatizantes do partido pregam discursos de ódio (o mote da vez é o ódio aos "coxinhas", classe média que procura participar da política).
Eu não sei se vai surgir um partido que consiga evitar se construir por denegrir a imagem dos outros. Esses novos partidos que podem vir a ter força, como Rede e Novo, não adotaram ainda inimizades contra determinadas camadas sociais ou filosofias políticas. Já partidos que poderiam constituir uma alternativa à esquerda, como PSOL, adotam posturas bastante agressivas e pouco construtivas (estou pensando na Luciana Genro, por exemplo).
