Reitor da Universidade Federal de Santa Catarina é preso em operação contra desvio de recursos

Vou compartilhar aqui um texto de 20 de outubro de 2015 sobre o Reitor enquanto candidato (quem quiser o link do Facebook pode me mandar DM):

"POR QUE CANCELLIER NÃO É “O CANDIDATO” DO CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS?

O primeiro turno da eleição para a reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) acontece no dia 21 de outubro de 2015, próxima quarta-feira. Ao longo do período de campanha, conhecemos as(os) cinco candidatas(os) ao cargo e suas propostas de atuação.

Dentre as (os) concorrentes, discutimos a postura de Luis Carlos Cancellier de Olivo, atual diretor do Centro de Ciências Jurídicas (CCJ/UFSC) e professor efetivo do departamento de Direito.

Concorrendo à reitoria pela chapa 82 - A UFSC Pode Mais, o professor Cancellier tem se apresentado como “o candidato do CCJ”. Para além dessa afirmação, revela-se um discurso falacioso e oportunista: em passagens em sala e depoimentos, o Professor Cancellier se manifesta de forma a parecer que possui apoio unânime dos estudantes do Centro, levando a crer que não existem críticas em relação a sua atuação e que todas(os) se sentiriam plenamente representadas(os) no caso de uma eventual vitória. Tal artifício político tende a fortalecer a noção de que sua suposta legitimidade uníssona enquanto diretor de centro será reproduzida enquanto futuro reitor, teoricamente capaz de representar e atender a todas(os). O que há de se deixar claro, com isso, é que a falsa homogenização apenas reflete o silenciamento de opiniões contrárias às do grupo hegemônico de poder do Centro de Ciências Jurídicas - e que se reproduz na Universidade como um todo - do qual faz parte o professor Cancellier.

Importante expor a carreira meteórica do dito candidato à Reitoria: Cancellier passou no concurso para professor efetivo do departamento de direito da Universidade Federal de Santa Catarina em 2005. No ano de 2009 tornou-se Presidente da Fundação José Arthur Boiteux e, também em 2009, foi nomeado Chefe do Departamento de Direito. Em 2012, resultou Diretor do Centro de Ciências Jurídicas, cargo que ocupa até hoje. Notamos, então, que em apenas 10 anos após o ingresso nesta Universidade, Cancellier passou por três cargos meramente administrativos e, agora, lança-se como candidato à função de maior poder da UFSC, demonstrando seu interesse por cargos de gestão.

Em suas propostas de gestão, evidencia-se que o candidato Cancellier não possui um projeto de universidade que se preza pública, autônoma e comprometida com a sociedade. Sua pauta mascara a perpetuação de grupos oligárquicos no poder enquanto adota posicionamentos vazios, simplistas e de nítida inclinação eleitoreira (1). O discurso escorregadio e propositalmente vago que vem apresentando em toda a campanha, revela, porém, seu verdadeiro aporte quando se trata de temas politicamente complexos e relevantes.

Ao ser questionado sobre os cortes do Governo Federal, o candidato defende que sejam buscadas parcerias privadas para captação de recursos. Esse posicionamento deixa evidente seu plano para a Universidade, que é o das privatizações e terceirizações. Isso se expressa, por exemplo, na sua proposta em relação ao Hospital Universitário: dá a entender a todo tempo (em debates, entrevistas, passagens em sala e no próprio HU), ainda que em seu material de campanha não se posicione explicitamente a favor da EBSERH, que irá por este caminho, ignorando o plebiscito em que 70% da comunidade universitária disse não à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares.

Em declarações sobre movimento e organizações estudantis, Cancellier diz apoiá-los incondicionalmente e se posiciona de forma enfática pelo fortalecimento de Atléticas e Empresas Juniores. Sustentando-se no discurso da “livre associação de iniciativas estudantis”, o candidato busca angariar apoio do corpo discente. Diz-se sempre disposto a dialogar com as(os) acadêmicas(os) e pautar seus interesses. Entretanto, quando se trata da efetiva representatividade e poder das(os) estudantes nas decisões da Universidade, Cancellier fez coro ao grupo que defende o “70/30” - Peso de 70% dos votos para o corpo docente e 30% dividido entre as duas outras categorias (estudantes e técnicos-administrativos) - na sessão do CUn de 17 de março deste ano (2).

Em suas passagens em sala, o candidato vem tentando manter as aparências de dissolução dos binarismos, ao dizer que algumas questões como “sim ou não à EBSERH” ou “sim ou não à PM no Campus” não podem ser tratadas com simplicidade e que essas ideias opostas deveriam ser levadas à debate. Entretanto, apesar desse posicionamento aparentemente imparcial, no seu material de campanha o candidato expõe uma declaração aberta de apoio à presença da Polícia Militar no Campus, por exemplo, além da já mencionada inclinação às privatizações.

Para além da política bairrista que o candidato Cancellier tem propagado com frases como “vamos colocar o Direito à frente da universidade”, defendemos e almejamos uma UFSC que rompa com os preconceitos e barreiras entre as diferentes áreas de saberes, compreendendo a necessidade e importância da integração entre todas(os) as(os) agentes da comunidade universitária. É por isso que nós, enquanto estudantes de Direito autônomos e discordantes da Chapa 82 - a UFSC pode mais, nos pronunciamos contrariamente a este suposto apoio de todas (os) alunas (os) do Centro de Ciências Jurídicas à mencionada candidatura."

NOTAS:

(1) Conforme definição do dicionário Michaelis, eleitoreiro significa: “[...] política que busca apenas captar votos, descuidando do real interesse da comunidade”.

(2) A ata desta reunião (Ata n.º 02/2015) pode ser encontrada na página do Conselho Universitário UFSC. Subscrevem este documento os estudantes dos cursos de graduação e pós graduação em Direito

Documento aberto para assinaturas posteriores.

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