Tem algo que vocês acham que leva hate desnecessáriamente?

Dentro do âmbito das Humanidades e Ciências Sociais, tratamos a eticidade das ações humanas como uma das variáveis de análise no escopo da Teoria das Ações Humanas, área multidisciplinar e que leva em consideração o papel de várias outras instituições sociais, como aquelas de natureza política, econômica e cultural, no entendimento das razões e condições que levam seres humanos a fazerem o que fazem.

Boa parte da retórica oriunda de pessoas adeptas de alguma ideologia que tome o veganismo, indiretamente ou diretamente, como parte de si, nas mídias sociais populares, costuma fazer uma análise reducionista que, no geral, pode ser resumida pelas seguintes premissas: (i) se uma ação é ética e necessária, (ii) então é perfeitamente praticável pelos agentes sociais.

Esse aspecto do discurso se encontra no entendimento do nível de livre-arbítrio que cada indivíduo possui para a modificação das próprias condutas sociais.

Quando trata, no teu quarto parágrafo, os não adeptos de práticas veganas como pessoas ruins, graças à natureza das ações ruins desses mesmos agentes e, logo em seguida, prossegue ditando uma série de insultos baseados em especulações acerca do suposto poder possuído por essas pessoas para a modificação dos próprios comportamentos e, mesmo assim, a não adesão, por parte delas, às condutas éticas, você já abre mão da investigação que se propôs a fazer nos teus dois primeiros parágrafos e passa a adotar uma narrativa que beira o essencialismo biológico, i.e., a ideia de que, entre determinados grupos de indivíduos que se encontram nas mesmas condições, alguns deles são inerentemente melhores do que outros graças às características individuais superiores que possuem ao interagirem com a realidade.

Isto pode ser evidenciado pelo fato de que o teu texto não distingue o nível de livre-arbítrio possuído por veganos e não veganos e, implicitamente, sugere não haverem diferenças entre os dois níveis mas, mesmo assim, coloca o primeiro grupo como aquele que tomou decisões mais éticas do que o segundo. Dizendo isso tudo de outra forma: você se coloca como alguém superior, com o mesmo valendo para o grupo em que você se encontra inserida, mesmo que ambos não sejam. E é por isso que as pessoas se incomodam com o teu posicionamento.

É como se você sugerisse que todas as variáveis que foram encontradas nas ações alheias também se mostrassem presentes nas suas, mas apenas os teus resultados viessem a se demonstrar coerentes ao se alinharem com as condutas éticas e os dos outros, como você colocou, por serem acomodados, hipócritas, covardes, egoístas, entre outros, os levariam às condutas aéticas e, portanto, a resultados incorretos. Ora, se todos os seres humanos modernos pertencem à mesma espécie Homo sapiens, é autoevidente inferir que não haverão grandes variações comportamentais, uma vez que as mesmas condições se mostrem presentes. As mesmas equações, com as mesmas variáveis e condições contextuais, devem prover os mesmos resultados. Mas você se comporta como se esse não fosse o caso, ainda que seja.

O segundo aspecto do seu texto se refere às condições providas pelas instituições sociais e o papel que elas possuem em determinarem o sentido e a direção das ações humanas. Se antes discutíamos as forças referentes ao livre-arbítrio e sob o controle dos indivíduos, agora falamos daquelas de natureza determinista e que lhes fogem ao

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